Tic-Tac

   Um sorriso é desenhado nos seus graciosos lábios.

Depressamente interrompido por não tão magnificas palavras. Um certo tom de desprezo torna-se visível na sua voz. O Ser perfeito deixa de o ser. Sapiente que o meu bem-estar permanecia alterado, ele não resiste e altera-o ainda mais. Enquanto ele palra sobre qualquer coisa insignificante, mesquinha e desprezível, eu tento cingir as minhas lágrimas cristalinas para que não vertam, aproveito e ligo a minha criatividade para que me tire dali o mais depressa possível. Um aviso dispara dentro da minha mente e mui rapidamente se alastra por todo o meu corpo. Arrepios são encomendados, os joelhos enferrujam, as finidades dos meus membros começam a oscilar. O sistema está fraco e vulnerável.
   Há muito que este gesto não fabrica um simples, caloroso e sincero sorriso, parece que essa espécie entrou em vias de extinção. Sentimentos de solidão apagados são, quando me é revelado que necessitam de mim. As pessoas reconhecem-me mas não dizem nada. Atravessam-me sem uma palavra, cuidadosamente espezinhando estes motores psicológicos e abstractos. A minha mente é preenchida com um único pensamento:

"No One Gives A Shit."