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Não sei muito bem se continuas a ser tão real para mim como foste em tempos. Não consigo entender se te tornaste num mero escape ao que não quero enfrentar. No fundo, tenho todas as respostas que procuro... apenas não as quero enfrentar. Já convivo com o medo de nunca te apagar de mim há muito tempo, mas agora o medo começa a transformar-se em paranóia e fobia.
Há coisas em mim que desconheço completamente. Coisas que me transformaram numa incógnita aos meus próprios olhos. É aflitivo e desgastante. Para qualquer pessoa, admitir que está a enlouquecer é frustrante. Eu tentei negá-lo tempo demais, e agora sou obrigada a encarar que sim, realmente enlouqueci.
Vejo tudo demasiado turvo e escuro quando fico sozinha e ganho tempo para reflectir sobre aquilo em que me tornei. Deixa-me triste e sem forças para levantar. Odeio aquilo que sinto, aquilo que sou, aquilo que não sou e gostaria tanto de ser. E é aí que entras tu. Tu que invades, depois, a minha mente já perturbada que aproveita qualquer devaneio para se refugiar do que amarga a realidade. Caí num poço tão detestável... isso assusta tanto. É quase como uma repetição daquilo que já vivi. Daquilo que já fiz por ti.
Embora o meu passatempo seja criticar-te e culpar-te por tudo o que faço de errado, o problema é que ainda és a única coisa que me mantém viva.
Sinceramente não sei o que estou a fazer quando desabafo com as paredes, quando lhes tento explicar os meus problemas, quando lhes tento transmitir o quão vazia e desinteressante me tornei. Tenho pena de ter aprendido demasiado bem que quando o problema somos nós, nada resulta. Lamento, mas acho que chegou definitivamente a altura de acordar dos meus pesadelos e arrumá-los numa gaveta, nem que para isso seja obrigada a apagar contos de fadas demasiado irreais.

... all i'm going to be is incomplete.