Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.
- Ricardo Reis

27 de janeiro de 2013

My heart goes out to you


   A tua presença incomoda-me, mas incomoda-me no bom sentido. Algo nas profundezas do ser move-se quando tu entras na sala. Sei-te de cor, mas tu nem me conheces. Não te apercebes que as tuas tristezas, tornam-se nas minhas também. Como sempre, o meu coração, não; a minha alma persegue a tua, mas tu não a sentes. Mesmo que a sentisses, não sei se a reconhecerias.
   Sentas-te ao meu lado e eu ajeito-me. Fico desconfortável, nervosa, o coração a mil à hora (embora saiba que nada irá acontecer. A verdade é que apenas passarás hora e meia a meu lado sem me dizer uma palavra.), com borboletas no estômago e tu, sem sentires nada disto. Como as vozes da música portuguesa afirmam, cada traço do teu rosto, do teu olhar, cada sombra da tua voz e cada silêncio, cada gesto que tu faças, sei-te de cor.
   Não sei se hoje choras-te, mas eu senti o teu coração pulsante a latejar de dor. Senti cada soluço que tu davas, como um punhal no meu peito. Poderei estar a exagerar, ou não. A verdade é que observar-te é tudo o que consigo fazer. Sinto que talvez tu me pudesses completar, mas não sou capaz de o comprovar. O meu espírito fraqueja ao pé de ti, é como se me intimidasses. E quando ganho coragem e vou até ti, a maneira como me olhas, faz-me duvidar de mim mesma e, assim, volto à minha pequenez.
   Não sou capaz. Mesmo que queira, não sou capaz. Serás sempre aquele que eu mais desejo, mas que não consigo alcançar jamais.

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